Um dia se perde um dia...
No outro se perde um minuto...
Quando se dá conta tudo está perdido...
O bom é ser consciente das perdas...
As vezes é legal perder algumas coisas...ceder ao acaso...
Perder um pouco de nós mesmos...
Perca a consciência e sentidos...
Perca a vergonha com quem se gosta...
Perca a cabeça de amor...
Perca a voz por gritar...
Perca o juízo de vez em quando...
Perca a dose...
Se perca sempre um pouco pra se achar...

Lua, mãe de quem não tem mãe...
Luz de quem não tem alma...
Brilhe no meu caminho...
Quero sentir tua luz na minha palma...
Ilumine meu olhar...
Porque o brilho se perdeu...
Pra que eu não tropece em meus planos...
Pra que não me perca em meus devaneios...
Pra que eu não desista dos meus votos...
Pra que eu não insista no que não tem fim...
Preciso de diretriz nesta estrada...
Preciso de segurança alheia...
Quero sentir minha vida pulsando de novo..
Quero sentir meu sangue em minhas veias...
Ponha minha cabeça pra funcionar...
Ponha minhas pernas pra caminhar...
Me dê sapatos novos de confiança...
Ponha em meu dedo uma aliança...
Pra fincar no tempo nossa relação...
Não me deixe mais na escuridão...
Brilhe sempre em meus pensamentos...
Curando meus desalentos...
Se a luz um pouco titubiar...
Por favor não a deixe se apagar...

Quando se está no meio de um nada...
Esse nada passa a ser você...
Te consome como uma praga...
Se deixar ele te apaga...
Se revidar ele te esmaga...
Se perceber seus planos ele os muda...
Só pra te deixar sem ter o que pensar...
Quando isso acontecer você só deve fazer uma coisa...
Você deve fechar os olhos e esperar...
Um dia fechei os olhos e vi a resposta...
Sai de lá pra nunca mais voltar...
Me puxar pra lá ele pode até tentar...
Mas agora sou impetuoso...
Ele não vai mais me amedrontar...
Num conto pra ninguém onde estive...
Um dia alguém descobre...
Aqui vai um conselho de amigo...
Eu que sempre sobrevivo...
Você pode me dar ouvidos se quiser...
Esteja preparado quando ele vier...

Nós que andamos na beira da estrada com uma luz acesa na mão...
Esperando algum olhar que brilhe de lá da escuridão...
Que nos perceba e que nos arraste par dentro da claridade...
Que nos incorpore novamente na humanidade...
Que nos tire do mundo do silêncio...
Que nos ensurdeça...
Um dia tapamos os ouvidos...
Nunca mais ouvimos nada...

Sempre me encanto com o canto mudo de uma voz forte que sobrepõe a morte...
Um canto áspero que não vejo de onde vem...
E talvez não possa ser ouvido por mais ninguém...
Me assusto de vez em quando parado prestando atenção...
E ele surge do nada, assim, sem mais nem menos como uma assombração...
Ele é grave quando chega perto e depois quando se afasta um pouco se torna agudo...
Como consigo dar timbre para um canto mudo?
As vezes penso que escuto nada mais que o eco das minhas ações...
Ou que de repente ouça apenas o compasso de corações...
Mas não consiguia ficar sem ouvir ao menos uma vez ao dia...
E nunca parei de tentar decifrar por que aquele som sempre se repetia...
E ele se repete, me persegue, me enlouquece depois some...
E ele vai e ele volta, me escolta até em casa...
Fico sem saber o que ele quer me dizer...
Ou se ele diz alguma coisa que alguém possa entender...
Quando o percebo não consigo ouvir nada nem ninguém...
E fico me perguntando: de onde será que ele vem?
Enquanto não entendo e não desvendo o que ele diz...
Sigo a minha vida procurando diretriz...
E quando penso em me importar eu digo: Quem sabe em outra hora...
Talvez todo esse canto seja apenas a minha trilha sonora...

O final de tudo é o final de tudo?
O que aconteceu hoje amanhã será passado?
O futuro hoje é presente amanhã?
O amor acaba tão de repente como começa?
O ódio cresce mais rápido que um bolo?
A amizade é inquebrantável...uma vez amigos, sempre amigos?
Por que a páscoa, que comemora a ressurreição de cristo tem como símbolo o chocolate?
E o coelho onde se encaixa? o coelho é mamífero quem põe ovo é galinha...
Essas coisas fazem sentido pra você?
Nem pra mim...
Você vive com isso?
Eu vivo...
Conclusão:
Podemos viver muito bem com coisas que não tem sentido...
Podemos ser felizes de qualquer forma...
As vezes nos divertimos até mais perguntando...

De mãos dadas ou em passos de dança...
Vamos levando esse conto...
Que não é de fada nem nada...
Mas que sempre termina com um ponto...
Ponto final ou de interrogação...
Depende da questão...
Se for surreal, sim, um ponto final...
Se for sobre o amor...
Não saberia qual ponto pôr...
No meio da estória terão sempre vilões...
E o mocinho causará muitas confusões...
Ele é atrapalhado, as vezes criativo...
Aprendeu a ser carinhoso também...
Ele está nessa busca num mundo de quadrinhos...
Será que encontrará alguém?
Ele vai sendo o cartunista...
O escritor e o narrador...
Vai contando a todos sobre o que nunca desvendou...
Coisas sem explicação e sem razão...
Mas quem disse que ele era um sábio?
Ele é um jovem velho tolo amante de coisas sem sentido...
Ele pode ser todo mundo ou ninguém...
Ele pode estar em qualquer lugar ou em lugar nenhum...
Ele pode estar a sua volta...cuidado pra não esbarrar...
Se você se identifica, quem sabe não é você?
Se não acredita, seja criança novamente...
E descubra o encanto que é o faz de conta...e então leia de novo...
E se não acreditar, seja criança quantas vezes forem possíveis...
Até que um dia comece a achar que este conto fale sobre sua vida...
Eu acreditei...tornei-me mocinho...as vezes o vilão...
Quando sem criatividade, um simples coadjuvante...um vendedor...um vento qualquer...
As vezes até mesmo um sentimento ou um último olhar...
E o personagem vai se criando, se transformando...
Também é bom ser o cenário as vezes...ser o local onde se passa o conto...o papel onde se escreve...a tinta da pintura...
Ou até um giz de cera colorindo os pequenos detalhes...
Eu hoje sei que posso ser qualquer parte ou ponto nessa estória...até mesmo o ponto final...
Por enquanto prefiro ser a interrogação...
Um dia sei que terá um fim neste conto...
Pra que o personagem exista sempre...basta imaginar...
Pra que ele viva basta se lembrar desta estória...
Pra que ele seja você...
Acredite...