Hoje enterro meu desespero...
Minha tristeza e meu desapego... Meus maus momentos e decepções... Meus desafetos e ilusões... Tiro de mim o desprezo que existe... Largo do não como opção... Me separo também do tédio e do ócio... Não tem mais talvez no meu coração... Não quero mais dúvida nem incerteza... Não quero mais me arrepender... Quero estar pronto para acertar... E para aceitar o que acontecer Vou ser bem mais forte e lutar com a dor ... Enfrentar os meus medos sem medo de errar... Quero transpor algumas barreiras... Quero ter fé e também perdoar... Hoje é o enterro do que me prendia... Do que me impedia de ser quem eu sou... Aqui jaz a impureza e o sofrimento... E toda ferida que cicatrizou... Esqueço o local onde tudo enterrei... Não quero lembrar que esse dia existiu... Agora sou toda a esperança e alegria... Bondade e amor que alguém ja sentiu...
Daqui a uns anos quem sabe... Quando alguém me perguntar quem eu sou...
É com absoluta certeza que não saberei definir... Não tentarei me iludir atribuindo-me feitos... E colorindo histórias que nunca vivi... Eu poderei, imediatamente, como um reflexo, sem piscar... Contar tudo o que ja fui e o que fiz ate agora... Mas direi-lhe, tenha calma pois me lembro de detalhes... Ja fui muito, fiz bastante, neguei minutos, até fui embora... Não me orgulho de tudo que passei... Nem teria como me orgulhar... Muitas coisas não serviram de nada... Essas eu não quero mais lembrar... Não lamento não poder responder... É melhor que contar uma mentira criativa... Não fique desapontado comigo... Desculpe o vazio da expectativa... Não me sinto digno para lhe contar o que sou... Prefiro que veja e tire sua conclusão... Mas me prometa que não fechará os olhos em nenhum momento... Que me verá também com os olhos do coração... Daqui a uns anos, quem sabe... Eu saiba o que agora eu não sei... Daqui a uns anos, quem sabe... Terei orgulho do que me tornei...
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